Existem coisas impensáveis, pensamentos surreais que tomamos por reais, incontornáveis verdades. Se sempre existiram, não há como deixarem de existir ... é a força da inconsciência e ingenuidade do nosso "eu" a negar o óbvio ... tudo é mortal, a imortalidade é irreal ... basta existir para um dia terminar ... é assim, não há nada a fazer ... e aos poucos vão caindo (não desaparecendo porém) pela estrada as imagens da meninice ...
A morte de Michael Jackson foi para mim um desses momentos que 2009 me presenteou ... é certo que a sua música já não estava presente no meu dia-a-dia há muito tempo, os meus gostos acabaram por trilhar outros rumos bem diferentes (mas com toda a certeza que chegaram "aqui" também por influência de MJ). Perdi-lhe o rasto desde "Dangerous" embora o ultimo album que adquiri dele "em tempo real" tenha sido "Invincible" que não dei grande atenção, comprei-o por respeito; no entanto, nunca o neguei, "Of the Wall" e "Triller" são álbuns de eleição para mim ... "Bad" talvez o álbum que mais rodei na minha criancice pré-adolescente, e por isso também marcante para mim ... assim como o próprio Michael, o foi, e é ... sempre soube que iria respeitar o artista, independentemente de todas as polémicas ... e sempre o senti genuinamente ...
Michael sempre foi uma daquelas imagens que nunca imaginei não existirem mais, Michael era imortal, iria existir sempre ... mas não foi assim, embora seja ... Não mais ouviremos uma palavra nova de Michael, não mais veremos um gesto, um passo novo de Michael ... ele já não cria mais ... embora exista para sempre ...
E essa sensação de já não haver mais "novo" Michael que acaba por deixar um vazio estranho e incomodo, e muito nostálgico ... quase como um encerrar de um lampejo da minha criancice ... uma parte de mim que acaba por ficar mais distante ... menos presente ...
Em Dezembro de 2009 estive em Londres e fiz questão de visitar a "Michael Jackson: The Official Exhibition" patente no London O2, quase como que o meu pequeno tributo á memória do artista seria estar presente, ali, bem perto de si ... junto dos seus pertences icónicos ... luvas, roupas, objectos, manuscritos, imagens, musica, rolls-royce, prémios, galardões e ... pedaços de Neverland ... foi muito emotivo e sentido... e ao deixar a minha mensagem no livro de visitas da exposição apercebi-me que afinal sem dar conta aquele momento acabou por ser uma necessária despedida a Michael Jackson ... fico feliz por tê-lo feito assim quase que inesperadamente ...
Michael Jackson - The Official Exhibition @ London O2
Remexo agora no meu 2009 e na memória de Michael Jackson porque hoje mesmo irá ser lançado em dvd e blu-ray o filme documental "This is It" que retrata os últimos ensaios de Michael Jackson para aquela que seria a sua derradeira Touneé, já completamente esgotada (50 datas) precisamente no London O2 arena ...
This is It, mostra um Michael Jackson frágil, mas em (aparente) grande forma, empenhado, dedicado e muito exigente com cada pequeno pormenor do seu espectáculo... luz, som, dança ... ele coordena tudo, tudo sai da sua cabeça, da sua imaginação e tudo tem de sair como ele quer ... ele trabalha com a banda, controla a musica nota a nota, cada uma tem o seu papel no espectáculo e é meticulosamente moldada por si. Sempre muito educadamente e pacientemente, Michael não deixa o palco enquanto músicos, dançarinos, técnicos de som, luz não perceberem como as coisas têm de ser ... e muitas vezes se ouve Michael dizer em tom tranquilizante aquando de algum engano de seus "súditos" ... "Não há problema, calma, é para isso que nós ensaiamos. Vá outra vez a partir de ..."
Michael acredita nas pessoas que escolheu criteriosamente para o acompanhar nesta aventura e nos momentos de partilha vive-se um ambiente verdadeiramente familiar, com muito respeito, compreensão e admiração... Estava tudo preparado para o maior espectáculo musical de sempre ... não quis o destino que fosse partilhado com o público, mas ele viveu-o até ao fim ...
Após a sua morte, aos poucos vão sendo divulgados alguns pormenores da condição, e realmente muita coisa acaba por ficar explicada e vai-se percebendo que Michael não era feliz senão em cima do palco ... era ali que ele era realmente exuberante, que se entregava totalmente e era lá que o seu corpo era possuído pela sua música e nos fazia ver o impensável a personalização física de um som ... sim a sua expressão corporal em palco era o mais perto que se poderia chegar da visualização de uma nota musical ...
E por incrível que possa parecer cada nova revelação sobre Michael Jackson torna-o ,para mim, mais humano, com os seus defeitos, qualidades, alegrias, tristezas, vícios, manias ... e isso deixa-me mais aliviado ...
R.I.P Michael, Thank You ...

This is It, mostra um Michael Jackson frágil, mas em (aparente) grande forma, empenhado, dedicado e muito exigente com cada pequeno pormenor do seu espectáculo... luz, som, dança ... ele coordena tudo, tudo sai da sua cabeça, da sua imaginação e tudo tem de sair como ele quer ... ele trabalha com a banda, controla a musica nota a nota, cada uma tem o seu papel no espectáculo e é meticulosamente moldada por si. Sempre muito educadamente e pacientemente, Michael não deixa o palco enquanto músicos, dançarinos, técnicos de som, luz não perceberem como as coisas têm de ser ... e muitas vezes se ouve Michael dizer em tom tranquilizante aquando de algum engano de seus "súditos" ... "Não há problema, calma, é para isso que nós ensaiamos. Vá outra vez a partir de ..."
Michael acredita nas pessoas que escolheu criteriosamente para o acompanhar nesta aventura e nos momentos de partilha vive-se um ambiente verdadeiramente familiar, com muito respeito, compreensão e admiração... Estava tudo preparado para o maior espectáculo musical de sempre ... não quis o destino que fosse partilhado com o público, mas ele viveu-o até ao fim ...
Após a sua morte, aos poucos vão sendo divulgados alguns pormenores da condição, e realmente muita coisa acaba por ficar explicada e vai-se percebendo que Michael não era feliz senão em cima do palco ... era ali que ele era realmente exuberante, que se entregava totalmente e era lá que o seu corpo era possuído pela sua música e nos fazia ver o impensável a personalização física de um som ... sim a sua expressão corporal em palco era o mais perto que se poderia chegar da visualização de uma nota musical ...
E por incrível que possa parecer cada nova revelação sobre Michael Jackson torna-o ,para mim, mais humano, com os seus defeitos, qualidades, alegrias, tristezas, vícios, manias ... e isso deixa-me mais aliviado ...
R.I.P Michael, Thank You ...